Ambulatório Trans de Hortolândia completa um ano de funcionamento
Unidade de saúde especializada da Prefeitura para população transexual atende mais de 60 pacientes
“Eu me sinto muito bem acolhida”. É com essa frase convicta que Mell Bueno define o trabalho realizado pelo Ambulatório Trans. Mell é uma das pessoas atendidas pela unidade de saúde especializada de Hortolândia. Nesta semana, o ambulatório completa o primeiro ano de funcionamento.
A Prefeitura implantou o ambulatório para atender a população transexual do município, em março de 2024 (http://www2.hortolandia.sp.gov.br/noticias/item/24502-hortolandia-implanta-ambulatorio-para-populacao-transexual). A unidade fica dentro do CEI (Centro Especializado em Infectologia), antigo Amdah (Ambulatório Municipal de DST/Aids de Hortolândia), órgão da Secretaria de Saúde, localizado na avenida Thereza Ana Cecon Breda, 1.115, Vila São Pedro.
Um dos focos do ambulatório é a oferta do tratamento hormonal, também chamado de terapia hormonal ou hormonioterapia. O tratamento é um dos procedimentos disponíveis para pessoas trans que queiram fazer a transição de gênero. Pessoa trans é aquela que não se identifica com as características sexuais biológicas de nascença.
Para atender de forma adequada e segura pacientes trans que desejam fazer a terapia, o ambulatório conta com uma equipe de 11 profissionais médicos de diferentes especialidades, dentre as quais, psiquiatria, psicologia, farmacêutica, infectologia, endocrinologia, assistência social e enfermagem.
A coordenadora do CEI, Larissa Naira Dias da Silva, salienta que o papel do ambulatório é garantir a prescrição e o uso correto dos hormônios. “O ambulatório foi criado com o objetivo de resgatar o cuidado e a assistência da pessoa transexual. Com a terapia hormonal, cada paciente consegue se expressar e ser reconhecido de acordo com o gênero com o qual se identifica ou gostaria de ser identificado. Por meio do ambulatório, garantimos o uso dos hormônios de forma adequada, mediante a característica e a necessidade de cada um. Com isso, evitamos a automedicação, que pode acarretar diversos problemas de saúde ao paciente”, salienta a coordenadora.
RESPEITO E INCLUSÃO
Inicialmente, o ambulatório começou com 12 pacientes. Hoje, a unidade atende 67 pessoas. Porém, nem todas fazem a terapia. Os pacientes que optam pela terapia têm acompanhamento da equipe multidisciplinar do ambulatório. “Além de receber o acompanhamento, os pacientes participam de grupos e rodas de conversas e, o principal, são acolhidos”, destaca a coordenadora.
Os pacientes destacam que o ambulatório trouxe-lhes acolhimento, segurança e inclusão. “Eles criaram uma comunidade de apoio entre si e os profissionais do ambulatório. Isso ajuda a melhorar a autoaceitação, a autoestima e até a procura de atendimento na rede de saúde e questões relacionadas à vida pessoal”, destaca a coordenadora.
Uma das pessoas que elogiam o ambulatório é Mell Bueno, de 31 anos, residente na Vila Real. “A equipe é muito educada e atenciosa. Eles nos atendem com muito respeito e carinho. Mesmo sem entender alguma questão que falamos, eles procuram pesquisar sobre o tema para nos orientar e atender corretamente. Além disso, o ambulatório está em um endereço acessível e bem localizado”, destaca Mell.
Paciente do ambulatório há mais de seis meses, Mell se define como pessoa não-binária, ou seja, que não se identifica com o gênero masculino nem com o gênero feminino.
Mell tem recebido acompanhamento e orientação do ambulatório para realizar mudança de voz por meio de terapia, sem uso de hormônios. A paciente torce para que o ambulatório amplie sua atuação cada vez mais. “Espero que o ambulatório cresça. Tenha mais espaço e equipe maior para que possa atender mais gente e ajudar mais pessoas não binárias”, comemora Mell.