Negócios

Sabin volta aos M&As após três anos e reforça expansão no Norte


O Grupo Sabin é o único dos grandes players brasileiros de medicina diagnóstica com capital fechado. Mas isso não impediu que a empresa acompanhasse seus pares e fosse um dos protagonistas do processo de intensa consolidação que movimentou o setor até a pandemia.

Entretanto, assim como seus rivais, a companhia colocou o pé no freio nessa corrida em setembro de 2022, quando adquiriu o laboratório Bioanálise, sua última aquisição. Agora, passados pouco mais de três anos, o grupo está quebrando o seu silêncio em M&As.

O acordo que marca a volta do Sabin às compras, após passar o pós-pandemia centrado em integrações de outras operações, envolve a incorporação do laboratório Bonamigo, da cidade de Araguaína, no estado do Tocantins. A informação foi antecipada com exclusividade ao NeoFeed.

“Com o cenário macro e a taxa de juros mais alta, a conta de valuations e de preços mudou”, diz Lídia Abdalla, CEO do Sabin. “Mas, desde o início do ano voltamos a avaliar potenciais ativos. E essa retomada agora faz parte da nossa estratégia de acelerar a consolidação dos nossos hubs regionais.”

O valor do negócio não foi revelado. Um dado mais amplo dá, porém, uma boa medida do peso dos M&As para o grupo. Essa é a 33ª empresa comprada pelo Sabin desde 2012, ano em que a companhia iniciou sua temporada de compras. De lá para cá, o grupo investiu R$ 521 milhões nessa avenida.

Esse montante foi aplicado com a orientação de construir hubs em grandes cidades, conectados a unidades em municípios menores, muitos deles, no interior do País e fora do radar da concorrência, dentro de mercados vistos como um “oceano azul” para a empresa.

Tocantins integra esse mapa de expansão desde o primeiro ciclo inorgânico da companhia. O desembarque no estado aconteceu em 2012, com uma primeira aquisição na capital Palmas. Posteriormente, em 2021, veio a compra da Bioclin, no município de Gurupi.

Entre M&As e crescimento orgânico, a empresa chegou a outras quatro cidades do Tocantins nesse intervalo. O novo acordo, por sua vez, marca a entrada no sétimo município – e o segundo maior – do estado, que, ao lado do Maranhão e do Pará, forma um grande hub logístico para a companhia.

“Nós investimos mais de R$ 20 milhões no Tocantins nesses últimos 13 anos”, afirma Abdalla. Ela destaca, por exemplo, a nova matriz no estado, inaugurada em Palmas, em 2024, em uma área de 1,3 mil metros quadrados. Bem como a implantação, no mesmo período, de serviços de vacinação.

Com a aquisição, o Sabin chega a 17 unidades no Tocantins. E dá sequência a outros movimentos recentes na região Norte, onde tem mais de 30 operações e um time de aproximadamente 700 funcionários, dentro de um quadro total de 7 mil profissionais em sua operação.

Uma das iniciativas na região foi a joint venture firmada no fim de 2024 com o grupo Porto Dias, que controla o hospital homônimo em Belém (PA). Nesses termos, o plano é que o Sabin assuma os serviços de análises clínicas e de diagnósticos por imagem nos ativos da rede em todo o estado do Pará.

Já os próximos passos na região Norte envolvem, por exemplo, a abertura de uma unidade da Amparo Saúde – a rede de clínicas de atenção primária cujo controle foi comprado pelo Sabin no fim de 2021 – em Boa Vista, no estado de Roraima. A inauguração está programada para acontecer ainda em 2025.

Com a projeção de apurar uma receita próxima de R$ 2 bilhões em 2025 – uma alta de mais de 10% sobre 2024 – o Sabin vai encerrar o ano com um saldo de 17 novas unidades, incluindo nessa equação a rede da Amparo Saúde e suas demais estruturas de medicina diagnóstica.

Hoje, o grupo tem uma base total de 358 unidades, distribuídas em 78 cidades. Para 2026, a previsão é ampliar esse portfólio com cerca de 18 estruturas. Essa conta também deve passar pela expansão de outro formato recente lançado pela companhia – sua primeira unidade digital.

A estreia do formato aconteceu em setembro, em Brasília. O projeto-piloto conta com atendimento 100% digital, com exceção, claro, das coletas de exames. Todos os demais processos são realizados via aplicativo, site e totens de autoatendimento.

Com esse modelo mais enxuto, essa primeira unidade foi instalada em uma área de 90 metros quadrados, contra a média de 200 a 300 metros quadrados do formato tradicional da companhia. “Para 2026, já temos duas regiões mapeadas para implementar também esse novo modelo”, diz Abdalla.

Ao mesmo tempo, a CEO ressalta que o Sabin segue avaliando outros M&As. Aqui, o racional dos acordos pode visar tanto ao fortalecimento de hubs regionais, em locais onde o grupo já está presente, como a entrada em novos mercados.

“Temos financiado esses movimentos orgânicos e inorgânicos com a nossa própria geração de caixa”, afirma a executiva. “Mas temos aprovação do conselho para captar recursos no caso de surgirem oportunidades de aquisições maiores.”

As movimentações da concorrência

Essa volta do Sabin aos M&As coincide com um reaquecimento dos seus principais rivais nessa arena. É o caso do Fleury, que também foi bastante ativo na pandemia. Seu principal acordo na época foi a fusão com o Hermes Pardini, outro grande grupo do setor, em 2022, em um negócio de R$ 2,5 bilhões.

Em julho, veio à tona o interesse da Rede D’Or na compra do Fleury. Já em outubro, o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, publicou que as duas partes haviam suspendido as tratativas e que a Rede D’Or estaria negociando com a Alliança e a Dasa.

A Rede D’Or divulgou um comunicado na sequência negando qualquer negociação em curso com as duas empresas. Ao mesmo tempo, a companhia ressaltou que, apesar de interações preliminares “infrutíferas”, não havia uma decisão formal sobre a suspensão das conversas com o Fleury.

Enquanto isso, o Fleury segue movimentando seu balcão de M&As. Na semana passada, o grupo comprou o Laboratório São Lucas, de Rio Claro (SP), por R$ 34 milhões. Antes, em junho, adquiriu o Hemolab, rede de medicina diagnóstica de Minas Gerais, por R$ 39,5 milhões.

Com seu nome citado nessa trama, a Dasa, por sua vez, também tem se mexido, mas muito mais na ponta dos desinvestimentos e associações com outros players. Em setembro, por exemplo, a empresa vendeu sua operação na Argentina e a Mantris, sua empresa de saúde ocupacional, por R$ 700 milhões.

Antes, em junho de 2024, a companhia anunciou a fusão da Ímpar, sua operação de hospitais, com Amil, em um acordo que envolveu ainda a transferência de R$ 3,85 bilhões em dívidas para a nova companhia fruto da transação.

Essas iniciativas integram uma estratégia da Dasa de volta ao básico e ao seu core – a medicina diagnóstica – após a empresa “pagar o preço” por tentar expandir sua operação para outros segmentos, o que se traduziu em mais de 30 aquisições entre 2019 e 2022.



Fonte: NeoFeed

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