Segundo o levantamento, parte dos resultados expressivos tem origem nas incertezas econômicas
O mercado global de Fusões e Aquisições cresceu 15% no primeiro semestre de 2025, movimentando US$ 1,5 trilhão, segundo levantamento da PwC. Apesar do aumento no valor total das transações, o número de operações caiu 9%, atingindo o menor patamar em mais de uma década — o que indica que o momento é das megatransações. Foram justamente essas, com valores acima de US$ 1 bilhão, que cresceram 17% no período, puxando a retomada do mercado. Tecnologia, mídia e telecomunicações concentraram 83% do volume e 75% do valor das transações, tendência que se mantém firme em 2025, puxada por soluções em inteligência artificial, computação em nuvem e cibersegurança, conforme análises da PwC e da KPMG.
Muitos desses resultados expressivos são ocasionados pelas incertezas econômicas, apontam os especialistas. Acontece que, em momentos de instabilidade, investidores atentos transformam a volatilidade em oportunidade, especialmente no Brasil, onde a digitalização avança em ritmo acelerado e se torna cada vez mais atrativa para o capital estratégico.
Um exemplo é o da Conviso, especializada em segurança de aplicações (AppSec), que adquiriu o Site Blindado, uma unidade da Americanas S.A. voltada à proteção de lojas virtuais. Essa transação fortaleceu a presença da Conviso no mercado de e-commerce, ampliando seu portfólio com soluções de blindagem de sites, certificação digital e testes de penetração. A aquisição foi estratégica, considerando o crescimento do mercado de segurança digital e a crescente demanda por soluções que garantam a confiança dos consumidores em transações online. Com essa movimentação, a Conviso projeta um faturamento de R$ 50 milhões até o final de 2025, embora o valor exato da transação não tenha sido revelado.
“A incerteza não freia o mercado de tecnologia, ela o reorganiza”, afirma Ronaldo Rodrigues, senior associate da Zaxo, boutique especializada em M&A no middle market. Ele conduziu um estudo analisando mais de 20 mil transações globais em três décadas, mostrando que a incerteza econômica reduz, em média, 6,7% o valor das aquisições, mas o efeito é muito menor quando se trata de empresas com alto potencial de crescimento, caso típico do setor de tecnologia. Jefferson Nesello, sócio-fundador da Zaxo, destaca que, em momentos de instabilidade, empresas bem preparadas conseguem negociar prêmios interessantes. “É quando os valuations se tornam mais razoáveis que os investidores estratégicos conseguem entrar em negócios promissores, garantindo retorno de longo prazo”, afirma.