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Seis ações podem se beneficiar do crescimento da “economia prateada”


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O envelhecimento acelerado da população brasileira vai favorecer setores como supermercados, varejo de eletrodomésticos, academias, moradia e serviços essenciais, devido ao aumento do tempo dos idosos em casa e à busca por conveniência e saúde, segundo estudo do Santander.

A saúde será amplamente beneficiada, já que pessoas acima de 65 anos gastam significativamente mais, impulsionando hospitais, farmacêuticas e farmácias, embora operadoras de planos possam ter impacto negativo devido ao aumento da sinistralidade.

Por outro lado, setores como educação, vestuário, bebidas alcoólicas, alimentação fora de casa e turismo deverão ser prejudicados pelo menor consumo desse público.

O desafio é o envelhecimento antes do enriquecimento, com alta dependência dos idosos em transferências, pressionando serviços públicos e reduzindo participação da América Latina no consumo global. O setor financeiro pode se beneficiar com novos produtos para longevidade.

* Resumo gerado por inteligência artificial e revisado pelos jornalistas do NeoFeed

A população brasileira está envelhecendo mais rápido e mudando seus hábitos de consumo. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, em 2030, a população acima de 60 anos será maior do que o total de crianças de 0 a 14 anos. Isso vai representar a quinta população mais idosa do mundo.

Essa tendência vai impactar diretamente as empresas de capital aberto no País. O cenário também é semelhante na América Latina, região que, segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), é a que mais envelhece no mundo. Mas quais setores ganham e quais perdem com essa tendência da ‘economia prateada’?

Estudo realizado pelo banco Santander mostra que os efeitos positivos dessa mudança geracional podem alcançar os segmentos de supermercados (Assaí, GPA e Grupo Mateus), varejistas de eletroeletrônicos (Magazine Luiza e Mercado Livre), e academias de ginástica (Smart Fit), considerando o aumento do interesse da população idosa em prevenção e bem-estar.

Por outro lado, o impacto tende a ser negativo para o setor de educação (Ânima, Cogna e Yduqs), vestuário (Azzas 2154, C&A, Guararapes e Renner), bebidas alcoólicas (Ambev), alimentação fora de casa (Arcos Dorados) e viagens (CVC e Latam).

“Como os idosos passam mais tempo em casa do que as faixas etárias mais jovens, os gastos com moradia e utilities (serviços essenciais) representam uma parcela significativa do orçamento, incluindo aluguéis, manutenção e reformas”, diz o documento do banco.

“Esse maior tempo em casa também leva a maiores compras de equipamentos domésticos, tanto para conveniência, quanto para conforto e segurança (como móveis ergonômicos e equipamentos de monitoramento de quedas)”, complementa.

Assinado pelos analistas Maria Paula Cantusio, Casio Moscardini e Ruben Couto, o texto usa como base um estudo de 2023 da McKinsey, que analisou dados da China, Alemanha, Japão e Estados Unidos, a partir do consumo das pessoas com mais de 65 anos.

No material, esse contingente passou a gastar mais com saúde, alimentação em casa, equipamentos domésticos, habitação e com empresas de serviços essenciais.

Na outra ponta, essas pessoas gastaram menos em educação, vestuário, restaurantes, hotéis e bebidas. Os serviços de lazer e atividades culturais permaneceram estáveis.

“Em relação ao segmento habitacional, espera-se um impacto positivo para as construtoras, refletindo o alto déficit habitacional na região e uma mudança na demanda, com famílias migrando tanto de imóveis menores para maiores (para abrigar pais idosos) quanto o inverso (quando os filhos saem de casa)”, dizem os especialistas do Santander.

Saúde para dar e vender

Naturalmente, o setor de saúde se beneficia deste aspecto, em que pese os desafios em termos de maior mortalidade e incidência de doenças crônicas e degenerativas. Segundo os dados, as pessoas com mais de 65 anos gastam quatro vezes mais com saúde do que em outras fases da vida.

“As lacunas dos sistemas de saúde na América Latina oferecem amplo espaço para expansão e consolidação do setor à medida que a população envelhece”, explica o documento.

Entre as empresas listadas no Brasil que podem se beneficiar a partir do aumento da expectativa de vida da população estão as focadas em hospitais (Rede D’Or), farmacêuticas (Hypera), farmácias (RD Saúde e Pague Menos), diagnósticos (Fleury) e tratamento de doenças crônicas (Oncoclínicas).

Para empresas mais verticalizadas, que reúnem hospitais e operadoras de planos de saúde, como é o caso da Hapvida, o impacto é misto. Há um fator positivo, devido à maior taxa de ocupação hospitalar, e um negativo, por causa do aumento do uso dos planos de saúde e maior sinistralidade médica.

“Como o segmento de planos tem maior peso nos resultados da Hapvida, o impacto líquido para a empresa pode ser negativo”, avaliam os analistas do Santander.

O problema, segundo o banco, é que a população está envelhecendo antes de enriquecer, o que acarreta problemas quanto ao financiamento de serviços públicos para este público. Entre os países latino-americanos, o Brasil tem a maior proporção de idosos dependentes de transferências públicas e privadas (71,2%), seguido de Chile (59,6%) e México (51,6%).

Globalmente, a desaceleração do crescimento populacional deve levar a uma queda na proporção de pessoas em idade ativa (15 a 64 anos) e um aumento no número de idosos (65+), com o número de trabalhadores por idoso caindo de 6,5 em 2023 para 3,9 até 2050, segundo a McKinsey e a Organização das Nações Unidas (ONU).

Mas, segundo o relatório, há uma janela aberta para o setor financeiro. “O avanço da renda per capita pode ampliar a penetração de planos e seguros privados, além de estimular fintechs a criarem produtos voltados à longevidade financeira”, explica o documento.

E ainda que as pessoas mais velhas geralmente consumam mais do que as mais jovens, o fato de, em média, dependerem significativamente de transferências e de terem uma renda média inferior à média populacional tem contribuído para o deslocamento dos polos de consumo de regiões mais ricas para regiões com crescimento populacional mais acelerado.

No caso da América Latina, a participação da região no consumo global caiu de 10% para 8% entre 1997 e 2023 e, segundo estimativas da McKinsey, deve cair ainda mais, para 7% até 2050.



Fonte: NeoFeed

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