A evolução dos veículos elétricos acontece em ritmo acelerado — e algumas novidades simplesmente mudam o jogo. Até pouco tempo atrás, a tecnologia de baterias LMR (Lithium Manganese Rich, ou rica em manganês) era desconhecida para muitos, inclusive para mim. Agora, Mark Reuss, presidente da GM, acredita que ela pode finalmente viabilizar caminhonetes elétricas médias, um segmento praticamente inexistente no mercado.
Em participação no podcast Plugged-In, Reuss explicou o problema: “Você não vê caminhonetes médias elétricas de verdade, certo? E por quê? O veículo não tem espaço suficiente para acomodar baterias grandes o bastante para a rotina de uso desse veículo.” Ele lembra que modelos como Ford F-150 Lightning e GMC Hummer EV precisaram ser grandes justamente por isso: baterias capazes de entregar 480 a 640 km de autonomia são volumosas, e só um veículo grande consegue acomodá-las.
Segundo Reuss, por isso não existem hoje versões elétricas de Chevrolet Colorado, Ford Ranger ou Toyota Tacoma. A Rivian R1T chega perto, mas fica entre os segmentos médio e grande. Além do tamanho, o custo também pesa: baterias EV ainda são caras, e modelos maiores permitem repassar mais do custo ao consumidor.
É aí que entram as baterias LMR, que a GM desenvolve com a LG Energy Solution. A promessa é que sejam mais baratas que as baterias de alto níquel dominantes hoje, usando até 2% de cobalto, 30–40% de níquel e 60–70% de manganês. Com formato prismático — caixas retangulares fáceis de empilhar —, essas células reduzem peso e custo do pacote.

Foto de: Car News China
Reuss aponta que a tecnologia pode oferecer até 33% mais densidade energética que as baterias LFP, sem os trade-offs típicos: “Você consegue reduzir milhares de dólares do pacote e oferecer um valor incrível, com autonomia quase equivalente à de uma caminhonete a gasolina.”
Além disso, LMR permite criar EVs mais acessíveis fora da dependência de cadeias de suprimentos chinesas, dominadas pela LFP. A GM projeta usar LMR em SUVs e caminhonetes elétricas a partir de 2028, oferecendo autonomia de mais de 640 km com pacotes mais compactos.

Reuss, porém, mantém o otimismo cauteloso: “É uma solução melhor que o que usamos hoje? Com certeza. Mas é a resposta final? Ainda não. Ainda há mais caminho a percorrer.”
No fim, a mensagem é clara: a S10 elétrica ou caminhonetes médias similares podem se tornar realidade — e a tecnologia LMR é a chave que pode destravar esse mercado há muito tempo esquecido pelos veículos elétricos.