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Apesar de ainda abaixo do auge de 2021, o setor começa a mostrar recuperação, com aumento em transações e crescimento do volume investido no private equity e primeira alta trimestral em venture capital em 2025.
Entre os destaques, GEF Capital Partners e Vinci Compass compraram as operações da Solistica e relançaram a AGV por R$ 696,6 milhões; General Atlantic investiu R$ 640 milhões na Starian e, junto com a Across Capital Partners, aportou cerca de R$ 350 milhões na QI Tech.
O cenário mais oportunista se reflete em valuations mais baixos e menor transparência nos valores das transações, pois muitos vendedores evitam divulgar preços.
No venture capital, investidores estão mais criteriosos e startups mais maduras, com destaque para o setor de tecnologia, que passou de 7,1% dos investimentos em 2022 para 20,4% em 2025.
* Resumo gerado por inteligência artificial e revisado pelos jornalistas do NeoFeed
Os números ainda estão distantes do boom observado até 2021. Mas as indústrias de private equity e venture capital começam a dar sinais de recuperação no Brasil. É o que mostra o relatório mais recente da ABVCAP (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital), em parceria com a TTR Data.
Um exemplo dos indícios de uma retomada envolve os investimentos de private equity, que alcançaram um total de R$ 15,9 bilhões no acumulado de janeiro a setembro deste ano, com 51 transações. E superaram a cifra contabilizada em todo o ano de 2024, de R$ 13,3 bilhões, em 72 acordos.
Já no venture capital, se a cifra acumulada de R$ 4,6 bilhões representa exatamente a metade dos R$ 9,2 bilhões aportados no consolidado de 2024, os R$ 2,1 bilhões computados no terceiro trimestre marcam o maior volume trimestral de 2025 e um salto de 23,5% sobre igual período do ano passado.
“Após três anos em compasso de espera, a indústria já tinha voltado a olhar transação. Nos últimos trimestres, nós víamos advogados, contadores e auditores mais ocupados fazendo diligências”, diz Priscila Rodrigues, presidente da ABVCAP. “Agora, esse barulho começa a se materializar em negócios.”
No período, uma das transações que levaram esse burburinho do discurso à prática envolveu a GEF Capital Partners e a Vinci Compass, que relançaram a operadora logística AGV, após pagarem R$ 696,6 milhões na compra das operações da Solistica, empresa da Femsa, no Brasil e na Colômbia.
Em private equity, outro negócio que moveu os ponteiros no trimestre foi o investimento de R$ 640 milhões da americana General Atlantic na Starian, empresa de softwares fruto de um spin-off da Softplan.
Ao lado da Across Capital Partners, a General Atlantic também marcou presença em uma das principais rodadas de venture capital no período: o aporte de cerca de R$ 350 milhões na QI Tech. Outra fintech, a NG.Cash captou aproximadamente R$ 150 milhões em rodada liderada pela New Enterprise Associates.
“Quem tem dry powder já está colocando o dinheiro para trabalhar”, afirma Rodrigues. “O mercado está muito comprador e quem tem recurso para investir, vem conseguindo encontrar ótimas oportunidades. Para esse investidor, aquele compasso de espera ficou para trás.”
Ela ressalta, porém, uma consequência desse cenário. “Quando o mercado está mais comprador, ele fica um pouco mais oportunístico”, diz. “Tem pouco dinheiro disponível para comprar e muita gente querendo vender. E a tendência é ter ofertas e valuations um pouco mais baixos.”
Isso também se reflete em alguns dados do levantamento. Entre julho e setembro, os investimentos de private equity somaram R$ 2 bilhões, contra R$ 1,5 bilhão, em igual período, um ano antes. Mas uma queda significativa em relação aos R$ 7,3 bilhões do segundo trimestre de 2025.
Outro número explica, porém, essa retração. Das dezessete transações registrada nesse intervalo, apenas três tiveram seus valores divulgados. O que torna impossível identificar o volume exato ou aproximado dos recursos aportados pelas gestoras no período.
“Normalmente é o inverso. Há duas ou três transações, de vinte, que não temos os dados financeiros”, afirma Rodrigues. “Mas como os múltiplos estão mais baixos, o vendedor também não quer anunciar a que preço está vendendo.”
Esse contexto se repete no que diz respeito aos desinvestimentos em private equity. No acumulado do ano, as saídas nesse espaço somaram R$ 1,54 bilhão, contra R$ 10 bilhões no ano de 2024. No trimestre, apenas duas das 18 movimentações tiveram seus valores divulgados.
No plano do venture capital, o total de exits foi de R$ 1,88 bilhão. Com 18 saídas, das quais somente cinco tiveram dados financeiros revelados, o segmento superou o volume de 9 acordos e a cifra de R$ 1,81 bilhão contabilizada em 2024.
Rodrigues pontua que, após sofrer mais no pós-pandemia, o ecossistema de venture capital passou por uma evolução que se traduziu em investidores mais diligentes e, ao mesmo tempo, em empreendedores mais “pé no chão”.
“Hoje, esse empreendedor só levanta o recurso que é realmente necessário”, afirma. “Ao mesmo tempo, agora, muitas dessas startups têm, de fato, uma história para contar.” Ela diz que esse ganho de maturidade já começa a se refletir em números. E em outra fronteira.
A fatia do setor de tecnologia nos investimentos de private equity, por exemplo, saiu de 7,1%, em 2022, para 20,4% no acumulado desse ano. Com isso, o segmento dividiu o topo do ranking com as empresas de serviços financeiros.
“Até pouco tempo, havia muitas startups de tecnologia, mas boa parte delas era pequena”, afirma Rodrigues. “Hoje, muitas delas cresceram, receberam um, dois, três, quatro rounds e já chamam a atenção da indústria de private equity”.

 
  
 







