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Kimberly-Clark compra dona do Tylenol. Uma “dor de cabeça” de US$ 40 bilhões?


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A Kimberly-Clark anunciou a compra da Kenvue por US$ 40 bilhões, oferecendo US$ 21,01 por ação, valor 46,2% acima do fechamento anterior.

A Kenvue enfrenta pressão da Casa Branca e de investidores, além de processos judiciais, sobretudo após declarações de Donald Trump sugerindo, sem comprovação científica, ligação entre Tylenol e autismo.

O CEO da Kenvue foi substituído em julho, e a empresa perdeu valor de mercado. Apesar das polêmicas, a Kimberly-Clark prevê sinergias anuais de US$ 2,1 bilhões e receita de US$ 32 bilhões após fusão, adquirindo também marcas como Listerine, Band-Aid, Aveeno e Neutrogena.

Parte dos recursos para a aquisição virá da joint-venture com a Suzano.

* Resumo gerado por inteligência artificial e revisado pelos jornalistas do NeoFeed

A fabricante americana de produtos de higiene Kimberly-Clark anunciou, nesta segunda-feira, 3 de novembro, a compra da Kenvue, companhia responsável pela produção do medicamento Tylenol, do Band-Aid e Listerine, por US$ 40 bilhões, em um acordo considerado histórico para o setor de consumo.

Os acionistas da Kenvue vão receber US$ 21,01 por ação, o que representa um prêmio de 46,2% em relação ao último preço de fechamento das ações. No início do pregão, os papéis da Kenvue acumulam alta de 17,1%, enquanto os da Kimberly-Clark caem 12,7%.

Só que a gigante de lenços deve herdar também a “dor de cabeça” que a fabricante vem enfrentando nos últimos meses, principalmente a partir da pressão da Casa Branca em torno de supostos riscos causados a partir do uso do remédio que tem o paracetamol como princípio ativo.

A crise de imagem e a pressão de investidores pela melhora no desempenho operacional têm causado uma série de problemas para a Kenvue, incluindo a demissão do CEO Thibaut Mongon, em julho deste ano. Kirk Perry, que já era membro do conselho, assumiu o posto.

Em setembro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que o Food and Drug Administration (FDA) passaria a notificar médicos de que o uso do Tylenol durante a gestação poderia estar associado a um risco muito maior de autismo.

“Tomar Tylenol não é bom. O FDA recomenda fortemente que as mulheres limitem o uso durante a gravidez”, chegou a dizer Trump, sem apresentar nenhum estudo científico que comprovasse a tese.

Especialistas afirmam que o autismo é causado por múltiplos fatores, e a ciência ainda não consolidou qualquer relação entre a doença e o uso de Tylenol por grávidas. Logo após as declarações do presidente americano, as ações da Kenvue despencaram 7,5%.

A empresa também enfrenta processos judiciais com base nessas alegações. No fim de outubro, o procurador-geral do Texas, Ken Paxton, entrou com ação contra a empresa sob alegação de que a fabricante estaria enganando consumidores ao não alertar sobre os riscos do uso do remédio.

A Kenvue classificou a medida judicial como descabida e disser estar preocupada com a “perpetuação de desinformações” sobre a segurança do Tylenol.

Na semana passada, o secretário de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, Robert F. Kennedy Jr., reconheceu que não havia provas de que o Tylenol causasse autismo, mas reiterou sua opinião de que os indícios de uma ligação entre os dois eram “muito sugestivos”.

Mesmo com a enxurrada de críticas e com a necessidade de lidar com críticas e processos na justiça, a Kimberly-Clark estima uma economia anual de custos de cerca de US$ 2,1 bilhões a partir da aquisição, que deve ser concluída no segundo semestre de 2026.

A fusão dará à Kimberly-Clark acesso ao amplo portfólio de marcas da Kenvue, incluindo o enxaguante bucal Listerine, Band-Aid e marcas de cuidados com a pele como Aveeno e Neutrogena.

A expectativa da companhia é que a empresa combinada gere receita anual de cerca de US$ 32 bilhões. A Kenvue foi desmembrada do conglomerado de saúde Johnson & Johnson em 2023.

Analistas acreditam que o momento do acordo, embora provável, tenha sido antecipado em relação ao esperado, considerando os litígios negativos e as notícias regulatórias em torno da Kenvue.

“Acreditamos que as capacidades da Kimberly-Clark são mais avançadas do que as da Kenvue, o que deve contribuir para melhorar o desempenho da marca”, diz Nik Modi, analista da RBC Capital Markets, à Reuters.

Em junho deste ano, a Kimberly-Clark anunciou a criação de uma joint-venture com a fabricante de celulose Suzano, em uma transação que criou a oitava maior empresa de tissue do mundo.

O anúncio ocorreu dois anos após a empresa brasileira informar ao mercado sobre a compra de ativos da gigante americana. Com a JV, as duas criaram uma companhia avaliada em US$ 3,4 bilhões, com sede na Holanda e operação em 14 países. Suzano, que ficou com 51% das ações, pagou US$ 1,73 bilhão.

A empresa informou que os recursos obtidos na negociação com a Suzano vão ajudar na aquisição da Kenvue. O CEO da Kimberly-Clark, Mike Hsu, assumirá o cargo de principal executivo e presidente do conselho da empresa resultante da fusão.

No acumulado de 2025, as ações da Kenvue na Nyse registram queda de 20,9%. No mesmo período, os papeis da Kimberly-Clark na Nasdaq registram desvalorização de 19,4%.

A Kenvue está avaliada em US$ 32,2 bilhões. O market cap da Kimberly-Clark é de US$ 34,9 bilhões.



Fonte: NeoFeed

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