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Warren Buffett, aos 95 anos, publicou sua última carta como CEO da Berkshire Hathaway, anunciando aposentadoria ao fim do ano e transição do comando para Greg Abel em janeiro. Buffett continuará influente como acionista relevante e seguirá escrevendo cartas, mas não mais em nome da empresa.
Destacou preocupações com remuneração de executivos e alertou sobre futuros líderes buscando enriquecimento pessoal. Realizou doação de US$ 1,3 bilhão em ações para fundações familiares, reafirmando o compromisso com filantropia.
Buffett elogiou Abel e comentou sobre o impacto da sucessão e a recente queda de 8% das ações. Ressaltou sua lucidez, rotina no escritório e o bom desempenho recente da Berkshire.
* Resumo gerado por inteligência artificial e revisado pelos jornalistas do NeoFeed
Aos 95 anos e prestes a deixar o comando da Berkshire Hathaway, gestora em que esteve à frente por 50 anos, Warren Buffet publicou, nesta segunda-feira, 10 de novembro, sua última carta aos acionistas como CEO.
O megainvestidor deixará as responsabilidades diárias da Berkshire no final deste ano, quando se aposentar do cargo de presidente-executivo. A partir do 1º de janeiro, a companhia será dirigida por Greg Abel.
Na carta aos acionistas, Buffet avisou que “ficará em silêncio”, encerrando uma carreira que moldou Wall Street nas últimas décadas. “Como diriam os britânicos, vou ‘me afastar dos holofotes’. Mais ou menos”, disse. Ele continuará escrevendo cartas, perto do feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos, mas não mais em nome da Berkshire.
Embora Buffett não vá mais administrar a empresa, ele afirmou que continuará detendo uma parcela “significativa” das ações classe A da Berkshire, que lhe conferem grande influência sobre o conglomerado que atua em diversos setores, desde seguros até ferrovias.
Os investidores há muito consideram Buffett, muitas vezes chamado de “Oráculo de Omaha”, uma espécie de herói popular do mundo corporativo, que intercala orientações sobre o desempenho das empresas de seu portfólio com conselhos sobre a vida e os negócios.
Sua franqueza com os acionistas, tanto por meio de suas cartas anuais quanto pelas longas sessões de perguntas e respostas durante as assembleias anuais em Omaha, tem sido uma marca registrada de sua gestão.
No documento, ele observou, por exemplo, que as exigências de divulgação da remuneração dos executivos tiveram um efeito contrário, já que os líderes empresariais se envolveram numa corrida para ganhar mais do que os rivais.
“O que muitas vezes incomoda os CEOs muito ricos — afinal, eles são humanos — é que outros CEOs estão ficando ainda mais ricos”, afirmou Buffett. “Inveja e ganância andam de mãos dadas.”
O empresário acrescentou que a Berkshire deveria evitar especialmente futuros CEOs que pretendam se aposentar aos 65 anos, que queiram ficar “ricos para se exibirem” ou “iniciar uma dinastia”.
Buffett escreveu que converteu 1.800 ações Classe A em 2,7 milhões de ações Classe B e as doou para quatro fundações familiares. Com base nas negociações do meio da tarde, as ações doadas estão avaliadas em cerca de US$ 1,3 bilhão. Suas outras cartas recentes relataram planos semelhantes de destinar ações a fins filantrópicos.
“Os acionistas individuais da Berkshire são um grupo muito especial, excepcionalmente generoso em compartilhar seus ganhos com outros menos afortunados”, escreveu Buffett. “Aprecio a oportunidade de manter contato com vocês.”
Em 2006, ele prometeu doar todas as suas ações da Berkshire Hathaway para causas filantrópicas. Mais tarde, juntamente com Bill e Melinda Gates, ele cofundou o Giving Pledge, um compromisso filantrópico para que as pessoas mais ricas do mundo doem mais da metade de sua fortuna para causas beneficentes.
Os investidores já estão bastante focados no plano de sucessão da Berkshire e em como ele se desenrolará nos próximos meses. Desde que Buffett anunciou, em maio, sua intenção de deixar a Berkshire, as ações de classe A da empresa caíram cerca de 8%.
Na carta desta segunda-feira, Buffett reiterou sua confiança em Abel. “Ele é um ótimo gestor, um trabalhador incansável e um comunicador honesto”, afirmou. “Desejo-lhe uma longa permanência no cargo.”
As ações Classe A da Berkshire subiram cerca de 10% este ano, ficando atrás do ganho de 16% do índice S&P 500. A Berkshire lançou as ações Classe B em 1996 em resposta aos fundos de investimento que ofereciam aos pequenos investidores acesso ao sucesso de investimentos da Berkshire.
Nos últimos meses, alguns analistas têm demonstrado preocupação com o papel reduzido de Buffett na empresa.
A aposentadoria de Buffett, somada à morte de seu amigo e sócio de investimentos, Charlie Munger, em 2023, marca um novo rumo para a Berkshire, onde suas decisões de investimento podem não ter mais o mesmo peso que tinham quando ambos estavam à frente da empresa.
Darren Pollock, gestor de carteiras da Cheviot Value Management e acionista da Berkshire, afirmou que a carta provavelmente visava, em parte, tranquilizar os investidores preocupados com a mudança de liderança na Berkshire.
“Ele pode estar descrevendo Greg mais uma vez, apenas para lembrar às pessoas que, sim, ele foi escolhido a dedo”, disse Pollock, ao Wall Street Journal. “Isso não é uma mera coincidência.”
Em outubro, a Berkshire recebeu uma classificação de “desempenho abaixo da média” da Keefe, Bruyette & Woods, uma das poucas classificações desse tipo que já recebeu, a maioria nos anos que antecederam a crise financeira de 2008 e 2009, de acordo com a empresa de dados financeiros FactSet.
Os sólidos resultados do terceiro trimestre da Berkshire ajudaram a dissipar algumas dessas preocupações. A empresa reportou um aumento de 17% nos lucros trimestrais após uma recuperação em seus negócios de seguros, enquanto o lucro operacional da subscrição de seguros mais que dobrou em relação ao ano anterior.
Sobre ele próprio, Buffet fez questão de reforçar sua lucidez, apesar da avançada idade, e do quanto se sente bem. “Embora eu me mova lentamente e leia com cada vez mais dificuldade, estou no escritório cinco dias por semana, onde trabalho com pessoas maravilhosas.”
No acumulado de 2025, as ações da Berskhire na Nyse acumulam alta de 9,6%. A companhia está avaliada em US$ 1,07 trilhão.









