SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), disse à Folha de S.Paulo não poder garantir que o presídio da Papuda tenha condições de receber Jair Bolsonaro (PL), por desconhecer o quadro de saúde do ex-presidente.
Bolsonaro enfrenta a reta final do processo da trama golpista no STF (Supremo Tribunal Federal), pelo qual foi condenado a 27 anos e três meses de prisão. Quando os recursos forem considerados esgotados, a corte poderá determinar o cumprimento de pena em regime fechado.
A chefe de gabinete de Alexandre de Moraes, do STF, vistoriou a Papuda e a “Papudinha”, como é conhecido o 19º Batalhão de Polícia Militar do Distrito Federal, que fica em frente ao presídio. Em 2023, o ex-ministro Anderson Torres ficou preso preventivamente naquele batalhão.
“Não posso garantir. Nós não conhecemos as condições de saúde dele”, disse o governador, ao ser questionado pelo Folha sobre se o presídio teria condições de receber e de se responsabilizar por Bolsonaro.
Sobre a possibilidade de o Governo do Distrito Federal recorrer de eventual decisão da corte nesse sentido, Ibaneis disse que a decisão é do Supremo e da Vara de Execuções Penais e que só cabe à Secretaria de Administração Penitenciária de Brasília cumpri-la.
A pasta enviou, na semana passada, um ofício a Moraes, solicitando que o ex-presidente faça uma avaliação médica para verificar sua condição de ser mantido em presídios da capital federal.
Mas o magistrado viu “ausência de pertinência” no pedido do GDF e indicou que só deve analisar o pedido após o fim do processo da trama golpista.
A justificativa apresentada é que o documento enviado pelo governo, sob gestão Ibaneis, trata de execução penal, que é uma fase posterior ao julgamento dos recursos.
O governador disse desconhecer o quadro de saúde de Bolsonaro, de quem é aliado no Distrito Federal, mas afirmou que sua vice, Celina Leão (PP), tem mais condições de avaliar.
“Quanto às condições de saúde dele, a Celina esteve recentemente [com o ex-presidente] e sabe melhor, além de ser muito amiga da Michelle [Bolsonaro]”, disse.
A vice-governadora esteve com Bolsonaro em 15 de agosto. À época, ela não se manifestou, mas, em entrevista ao SBT News na segunda-feira (11), ela disse que a Papuda não teria condições de receber o ex-presidente.
“A Papuda não tem condição de receber o Bolsonaro. Ele precisa de uma dieta especial, tem idade avançada, trata-se de um ex-presidente. Se for bem cuidado, vai ter uma vida prolongada”, afirmou.
Celina disse ainda que o sistema penitenciário não tem condições de garantir o preparo de comidas especiais para Bolsonaro –que precisaria de dieta específica por causa das cirurgias no abdômen.
A vice-governadora é pré-candidata ao Governo do DF, em uma chapa que deve ter PL, PP, MDB e Republicanos como aliados.
O grupo político tenta costurar um acordo por meio do qual Michelle seria candidata ao Senado, Ibaneis também, e Celina ficaria no Palácio do Buriti. Nessa configuração, o atual secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, seria o seu vice. Ele se filiou recentemente ao Republicanos.
Rocha trabalhou na SAJ (Subchefia de Assuntos Jurídicos da Presidência) no governo Michel Temer (MDB), do qual Moraes foi ministro da Justiça.
Ameaça o plano de união da direita no DF o surgimento de uma possível candidatura da deputada federal Bia Kicis (PL-DF) ao Senado, o que poderia implodir o acordo com o governo Ibaneis.









