O Brasil acaba de conquistar um título inédito no cenário global da eletromobilidade. Segundo o estudo “Caminhos da Descarbonização”, divulgado pela Anfavea em parceria com o Boston Consulting Group (BCG), os veículos elétricos usados no país têm a menor pegada de carbono do mundo quando analisados em todo o ciclo de vida — da produção ao descarte.
Os dados indicam que um automóvel 100% elétrico rodando no Brasil emite 14,2 toneladas de CO₂ ao longo de sua vida útil, enquanto o mesmo carro, com idêntica tecnologia e eficiência energética, atinge 33,5 toneladas na China. Isso significa que o elétrico brasileiro emite menos da metade do chinês, graças à predominância de fontes renováveis na geração de energia.
Foto de: BYD
A diferença se torna ainda mais expressiva quando se observam os veículos pesados. Um ônibus urbano elétrico no Brasil gera 153 toneladas de CO₂, contra 774 toneladas na China — uma redução de cinco vezes. A mesma tendência se repete em caminhões e veículos híbridos, reforçando que a matriz elétrica nacional é o fator mais decisivo na descarbonização da frota.
Por que o mesmo elétrico é mais limpo no Brasil
O levantamento da Anfavea aplica a metodologia “do berço ao túmulo”, que contabiliza as emissões de gases de efeito estufa em todas as etapas do ciclo de vida do veículo — desde a extração de matérias-primas, produção e montagem, até o uso e o descarte.
Essa abordagem revela que, ao contrário dos veículos a combustão (onde até 90% das emissões vêm da queima de combustível), nos elétricos quase metade da pegada de carbono está concentrada na produção e descarte da bateria.

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Na China, onde a matriz energética ainda é fortemente dependente do carvão, a fabricação das células de bateria é altamente intensiva em carbono — o que “contamina” toda a cadeia. Já no Brasil, a matriz elétrica é 90% renovável, e a matriz energética total, 50% limpa, segundo a Anfavea. Isso faz com que até a etapa industrial do veículo elétrico seja mais sustentável aqui.
Os gráficos do estudo também mostram que a fase de uso do veículo representa apenas cerca de 19% das emissões totais de um elétrico no Brasil, enquanto na China essa proporção passa de 50%, justamente pelo uso de eletricidade gerada por combustíveis fósseis.

Um argumento sólido para políticas públicas
Além de medir emissões, o relatório projeta cenários futuros considerando a adoção de aço e alumínio de baixo carbono, reciclagem de baterias e ganhos de eficiência energética. No caso dos elétricos, as reduções potenciais chegam a 36% adicionais com a transição para matrizes ainda mais limpas e até 47% em aplicações urbanas, como ônibus e caminhões leves.
Os resultados reforçam que incentivar a eletrificação no Brasil tem um retorno ambiental real e imediato, algo que nem sempre ocorre em países onde a eletricidade ainda é fortemente fóssil. Em outras palavras, comprar um carro elétrico no Brasil é, de fato, uma escolha ambientalmente eficaz.

 
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Fonte: Motor1.com
O elétrico mais limpo do planeta?
A combinação de uma matriz renovável, a crescente oferta de energia solar e eólica e o histórico uso de biocombustíveis coloca o Brasil em uma posição única na transição energética global. O país mostra que é possível reduzir emissões de carbono sem depender exclusivamente da eletrificação total, integrando tecnologias complementares.
Com base nos dados da Anfavea, pode-se afirmar: a eletromobilidade brasileira já está entre as mais limpas do mundo. E conforme o país avançar na produção local de baterias, na reciclagem e no uso de materiais verdes, a vantagem tende a crescer ainda mais.
Fonte: Anfavea / BCG – Estudo “Caminhos da Descarbonização: A Pegada de Carbono no Ciclo de Vida do Veículo”

 
 







